COMO DESTRUIR UMA CIDADE – Quem decide?

COMO DESTRUIR UMA CIDADE – Quem decide?

COMO DESTRUIR UMA CIDADE – Quem decide?

(foto: https://br.images.search.yahoo.com/)

III – Como sempre, não há solução de continuidade.

“A ORGANIZAÇÃO INTERNA DAS CIDADES: A CIDADE CAÓTICA” (Milton Santos)

“Com diferença de grau e de intensidade, todas as cidades brasileiras exibem problemáticas parecidas. Seu tamanho, tipo de atividade, região em que se insere, etc. são elementos de diferenciação, mas em todas elas, problemas como os do emprego, da habitação, dos transportes, do lazer, da água, dos esgotos, da educação e saúde são genéricos e revelam enormes carências. Quanto maior a cidade, mais visíveis se tornam essas mazelas. Mas essas chagas estão em toda parte. Isso era menos verdade na primeira metade deste século XX, mas a urbanização corporativa, isto é, empreendida sob o comando dos interesses das grandes firmas, constitui um receptáculo das consequências de uma expansão capitalista devorante dos recursos públicos, uma vez que esses são orientados para os investimentos econômicos, em detrimento dos gastos sociais.”

Com este texto de Milton Santos, do livro A Urbanização Brasileira”, autor considerado e reconhecido com uma dos maiores geógrafos do mundo, orientámo-nos para o caminho de várias análises. É bom se alicerçar por esses ensinamentos para poder enxergar com mais clareza onde moramos e como vivemos, bem como para onde são conduzidos os grupos sociais que tentam habitar qualquer cidade.

Vivemos em torno de todos os problemas citados e na maioria das vezes atribui-se à má sorte, a desastres naturais, à falta de investimentos, à causas sobrenaturais, etc., os problemas ocorridos nas cidades. No entanto, todos eles são provocados pelos próprios homens que vivem dentro de um sistema chamado capitalista, estruturado não para o bem estar social, mas sim, voltado para o lucro. Com uma observação mais atenta, verifica-se que esse lucro só favorece a uma pequena camada da sociedade. O sistema atual da democracia como se apresenta inclusive pelo comportamento eleitoral, não é capaz de romper essa lógica. Pelo contrário, aprofunda-a cada vez mais. A grande produção de riquezas é dominada, controlada e usufruída por uma pequena camada da sociedade, o que reflete nas eleições. Esse sistema já provou que é ruim e está sempre tentando contornar suas crises para que essa camada dominante não perca seus privilégios. Quando o autor fala em grandes firmas não significa que seus empregados sejam beneficiados. Estes apenas trabalham para que os privilégios continuem. São escravizados, alienados pelo sistema e na maioria das vezes são destruídos por ele. Essa expansão “devorante” significa que o Estado, que muitos chamam de Estado-nação estão e são organizados para atender a essa minoria. É o caso das indústrias bélicas e de armamentos, por exemplo. Às vezes, temos a impressão de que essas riquezas se diluem em novas empresas, mas logo se percebe que o capital se concentra e a maioria subalterna é destruída ou engolida pelos detentores dos privilégios. Chamamos a isso de capital monopolista que ocorre em vários graus dependendo da situação de cada país. Esse capital absorve tudo o que pode para manter as grandes empresas sobrevivendo e deixa as migalhas para a maioria da população em vários graus de distribuição, criando a ilusão de que os bens serão distribuídos a todos. A fome, por exemplo, não é uma preocupação desse sistema. Se assim o fosse não teríamos essa fome no país e no mundo.

Com o avanço dos estudos vamos perceber que quem decide não é a população, num imaginário dentro de uma pseudo-democracia. Quem decide é o poder econômico, que tem suas ramificações na estruturação das cidades, sempre com o intuito de atender à demanda das grandes empresas, que nada mais são, do que os braços ou tentáculos das grandes corporações dominadas pela pequena elite mundial. Seja na exploração da natureza em regiões diferenciadas, seja na canalização das verbas do Estado, na educação, na saúde, na habitação, no saneamento básico, que alimenta o processo de privatização que será discutido mais adiante. Usando o dinheiro do Estado essa canalização de capital acaba sendo canalizada e inevitavelmente vai parar no sistema financeiro dominado por essa grande elite.

O que se vê nas eleições municipais que estão para acontecer, é uma enorme distorção do que deveria ser a democracia. Todos os canais dominados pelo financiamento de campanhas faz com que os candidatos sejam “comprados” antes mesmo da eleição. A grande maioria dos candidatos ao legislativo faz campanha como se fosse para o executivo, sem a mínima noção do que estão fazendo, ou dizendo, ou para que estão pretendendo a eleição.

 Por que isso acontece? É o que se verá no próximo item.

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