
ACONTECIMENTOS EM DESTAQUE – A VISITA DO INOMINÁVEL
(texto que dá continuidade ao PENSAMENTO DO DIA – A VISITA DO INOMINÁVEL)
Como disse anteriormente, na seção PENSAMENTO DO DIA – ONDE ESTÁ A ESQUERDA? neste blog vereverso.com.br; semana passada, estava rememorando: o PT de Rio Claro, antigamente, “nesta altura do campeonato” já estava distribuindo um jornalzinho de quatro páginas, ou pelo menos um folheto, para ser distribuído na cidade toda, em portas de fábrica, nos bairros pra protestar contra a vinda do criminoso fascista que veio a Rio Claro no dia 28 de maio.
O que tem a ver com a pergunta: “onde está a esquerda?”
(segue uma pequena contribuição)
A esquerda está por aí. Não desapareceu não. Acontece que a estratégia desapareceu. A unidade também. Mesmo depois de governar a cidade por 16 anos, de um total de 28: de1997 até hoje. O que mudou, então?
Mudou que a esquerda, atualmente no Brasil, depois de sofrer um ataque fortíssimo da Direita, como todos viram acontecer, antes e depois do Golpe contra Dilma Roussef, depois do Golpe midiático, das redes sociais e da utilização do Orçamento Secreto, ficou sem forças para reagir. Deu pra perceber que a Direita é muito mais forte do que se pensa, principalmente fora das bolhas. A esquerda, por sua vez, anda confusa. É claro, já era de se esperar, que depois dos governos petistas a Direita reagiria rapidamente. A Direita tem derrotas pontuais, mas reage rápido porque é amparada pela extrema-direita internacional que tem muito dinheiro. Geralmente ataca com violência. Por isso, a reação da Esquerda deve ser “lenta, gradual e segura” para usar uma expressão que abominávamos quando a Direita costumava se utilizar desse expediente e dessa expressão no Governo Geisel, ainda no Regime Militar (1). Para isso, no entanto, é preciso tomar algumas providências, que, infelizmente estão demorando a chegar:
1. Elaborar um discurso comum, organizado numa teoria bem
fundamentada, clara de se entender, que possa ser disseminada nos mais diversos
setores da sociedade. Vai ter que estudar, buscar as melhores bibliografias,
promover um debate interno (entre os grupos da esquerda, se é que se consegue
reunir um grupo), buscar conversar com a população para saber se essa teoria
tem respaldo da realidade; ter muita criatividade (hoje, quem tem teoria e
cartilha é a Direita: pode-se observar que, onde se anda pela cidade, vê-se que
o discurso deles é o mesmo); disseminado pela mídia corporativa, pelas igrejas
e pelos teóricos do imperialismo).
Obviamente, é o sistema capitalista em ação; e devido aos ataques, o anticapitalismo revolucionário foi perdendo sua credibilidade.
“Capaz de aumentar as riquezas, de produzir e difundir em abundância bens de todo tipo, o capitalismo só consegue isso gerando crises econômicas e sociais profundas, exacerbando as desigualdades, provocando catástrofes ecológicas de grandes proporções, reduzindo a proteção social, aniquilando as capacidades intelectuais e morais, afetivas e estéticas dos indivíduos. Abraçando unicamente a rentabilidade e o reino do dinheiro, o capitalismo aparece como um rolo compressor que não respeita nenhuma tradição, não venera nenhum princípio superior, seja ele ético, cultural ou ecológico.” (2)
Isso nos remete ao pensamento de cada um dos nossos militantes, dos nossos candidatos. Estariam preparados para construir um discurso capaz de mobilizar as forças que podem enfrentar tais acontecimentos relatados acima? Capaz de explicar como a sociedade chegou a este ponto? Seriam capazes de abdicar de posições pessoais muitas vezes prepotentes para aglutinar forças vindas dos movimentos sociais, das lutas de bairros populares, de sindicatos de esquerda capazes de arrastar grupos inteiros de seguidores e militantes? Os mesmos dos mesmos com pretensões políticas sem seguidores não vira nada. Apenas abrem caminho para o clientelismo dos demais candidatos.
Conclusão: a Esquerda tem que ter o seu pensamento, a sua teoria (da revolução) e da crítica ao capitalismo. Deve afastar a ideia de juntar a sua ação a centro-esquerda. Juntar-se à “centro esquerda” só pode ser uma estratégia eleitoral pontual que não pode se misturar com a elaboração do pensamento de Essquerda que precisa ser construído. Essa tal de “centro-esquerda”, que por sua vez está nas mãos do Centrão, que por sua vez está nas mãos do MDB, que por sua vez é a base da terceira-via, não tem nada de bom a acrescentar à política de transformação da sociedade. Vamos pensar nesta ideia, portanto, que já é um bom ponto de partida;
(1) (1) Ainda na ditadura militar, o Governo resolveu fazer a abertura, que o Golbery da Costa e Silva programou para ser uma “abertura lenta, gradual e segura”. Claro, era para enrolar e ganhar tempo para manter o controle político da situação.
(2) (2) Lipovetsy, Gilles; Serroy, Jean. A estetização do mundo: viver na era do capitalismo artista. São Paulo. Companhia das Letras , 2015.
(continua no ítem 2).
ACONTECIMENTOS EM DESTAQUE – A DIREITA SE DIVIDE COM A VINDA DO INOMINÁVEL
... algumas providências:
2. Considerar que as observações anteriores deveriam desembocar numa filosofia crítica que, está apontando para um cenário, em Rio Claro, em que haverá quatro candidatos como sendo representantes da Direita. Nenhum deles deve receber a confiança e o apoio da Esquerda sob pena de confundir profundamente o pensamento da população. Esta, a Esquerda, está precisando ter um grupo em quem a população confie. Carece de confiança. Este grupo só poderá ser o da Esquerda que já demonstrou realizar grandes conquistas para a cidade e para o país. Portanto, não é possível que as várias tendências da Esquerda não se unam para dirimir essa confusão em que se transformou a política brasileira e no caso a local. Está ficando tarde. Será necessário nesse momento, conhecimento e bom senso por parte dos seus membros.
As mentiras e o clientelismo atrapalham, confundem, atrasam a volta da Esquerda ao Poder. Se juntar com Partidos ou grupos que não têm esse perfil confunde. Já se constatou há muito tempo que a Esquerda na cidade de Rio Claro dá pouca importância ao Legislativo e vai pro tudo ou nada apostando no Executivo como “tábua de salvação”, o que vai se configurar numa grande erro, numa grande mentira. Um grande suicídio. Sem o legislativo, o executivo não governa e cai na incredulidade.
... algumas providências:
3. Não cair na ingenuidade de que os eleitores virão espontaneamente aderir a um candidatura, ou candidaturas, apenas pelos “belos olhos” de qualquer candidato/a. Se não tiver trabalho de base, ou com as bases, como queiram, não se elege. Se não tiver inserção nas bases da sociedade. Se verificarmos quantos dias faltam para as eleições e o candidato conversar com uma pessoa por dia (isso se conseguir convencer), dificilmente estará eleito. Mesmo porque, o voto não é majoritário no caso dos vereadores e sim proporcional: isto significa que todos os outros terão que ter uma boa votação. Os mais tarimbados já sabem disso.
Portanto, as divergências teóricas pouco fundamentadas,
cheias de exceções que não contemplam uma possível tese principal, devem ser
deixadas de lado no momento; cada militante e candidato deve carregar consigo
as boas propostas elaboradas pelo Partido ou coligação de esquerda sem se
deixar levar pelas esparrelas do populismo.
... algumas providências:
4. É preciso por isso, estarem preparados para elaboração de um bom Plano de Governo para ser levado até o fim por todos. Estariam preparados? Quais os tópicos que devem fazer parte desse Plano de Governo? Está ancorado na realidade ou em teorias abstratas produto somente da cabeça de alguns? Quantas são as Secretarias do Governo atual? Que Secretarias precisam ser estudadas, melhoradas, criticadas, etc. A Direita não liga pra isso e às vezes ganha uma eleição com apenas um apelo popular que chamamos de populista. Mas a Esquerda precisa. Precisa convencer que é capaz porque viemos de uma formação política que valoriza o conhecimento, a ética, a Justiça, a dedicação que geralmente são atacadas pela Direita que só trabalha com a lei do mínimo esforço e, muitas vezes, acaba levando a melhor. Por isso a visão crítica ou a crítica filosófica e histórica não pode ficar longe dessa preparação necessária para entender o dia-a-dia da política e enfrentar aquilo que o Jessé de Souza chamou de “Elite do Atraso” (3)
5. É preciso considerar, ainda, que toda mídia corporativa é contra a Esquerda e isso é, juntamente com as redes sociais, uma força gigantesca que precisa ser constantemente questionada e desmentida.
(Souza, Jessé de. A elite do
atraso – da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro. Leya, 2017.)
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